agosto 26, 2012

Morfina

Quando sofremos uma grande perda ou decepção amorosa (Não como a morte, mas sim um rompimento. Como morte eu não sei realmente como seria.) principalmente se for a primeira, perdemos o chão. A dor é indescritível, insuportável e requer tempo para diminuir e cicatrizar. E então aprendemos a controlar a ansiedade, ser mais pacientes eu diria até de maneira forçada, porque não há nada que se possa fazer a não ser isso. Você pode sair com seus amigos, distrair-se por algumas horas, mas sempre que estiver sozinho, a dor vai sorrir maldosa e se apossar do seu corpo. E aí, meu amigo, deve ser como aquele ditado: se você não pode vencer seus inimigos, una-se à eles. Ou tente fazer como eu se quiser, acreditar que existe uma força maior que te protege, aceitar todo tipo de apoio dos seus amigos, porque é nessas horas que percebemos quem realmente se importa conosco. E depois de dois meses você já está praticamente recuperado, já nem pensa tanto no término, já beijou ou curtiu outras pessoas. Cada pessoa deve ter seu tempo próprio para isso, para mim eu diria que foram realmente dois meses. Mas, tome cuidado. Porque se a pessoa entrar em contato de novo, ela ainda pode te fazer cair, sucumbir e voltar atrás. Não que isso seja uma coisa ruim, não foi no meu caso. Passei momentos maravilhoso, é verdade. No começo eu não tinha muita noção se o que estava fazendo era por medo da dor, se o amava realmente ainda. Nos primeiros meses eu ainda não estava totalmente feliz. Mas depois de um ano e meio, tudo voltou a ser como era antes. Só eu que não: estava mais madura, mais sensata, menos sonhadora, mais realista. E isso eu vou te dizer, foi a coisa boa que veio com o primeiro rompimento. 

Porque no segundo rompimento, há alguns poucos QUATRO dias acreditem, as coisas foram bem mais fáceis. Óbvio, eu chorei, fiquei chateada, mas aquela dor já conhecida da primeira vez não me afetou como antes. Era como se fossêmos velhas conhecidas e eu, como anfitriã, convidei-a a entrar, tomar um chá e bater um papo comigo. A dor, meio desconfiada, me fitava com olhar duvidoso, mas aceitou a gentileza. E ela não tem certeza sobre quanto tempo vai ficar, quanto vai me afetar. Talvez tenha notado que eu aprendi a lição da primeira vez e agora só se tornou uma visita passageira, que quase nem se nota. Como se tivesse me injetado uma dose de morfina, ou qualquer vacina contra ela mesma. E agora, talvez algumas lágrimas rolem de vez em quando, mas com certeza meu coração está em paz e agradecido por ter encerrado as coisas bem, sem dores, brigas ou raiva. E em breve talvez ele esteja forte o suficiente para um contato amigável.

:)

Um comentário:

Adriana Gonçalves disse...

Primeiramente, você tocou num ponto importante que às vezes passa despercebido: a ansiedade. É mesmo difícil lidar com ela, e por vezes nem notamos que é ela o maior inimigo.
Nossos amigos, como você mesma citou, são as baterias que precisamos para recarregar nossas forças, e os olhos extras que precisamos para ver e nos certificar que vai passar, e que merecemos o melhor para nós.
E assim como aconteceu com você, o segundo rompimento foi mais fácil pra mim também. Não só porque já estava madura, mas principalmente porque se já era uma segunda vez, então as coisas não estavam tão bem quanto achava. Chorar e sentir por isso foi natural, mas a certeza de que era o melhor e que ia superar foi essencial para manter firme a decisão. [E ver gente também é bom, para lembrarmos que não existe só um homem no mundo, na nossa vida!]
Desejo que você se recupere totalmente logo, e que breve possa abrir seu coração novamente [não necessariamente com alguém na sala de espera - assim aconteceu comigo, e acho que foi melhor para não confundir as coisas], pois ter um coração auto-enclausurado é estar fadado a claustrofobia.
Já disse e repito, para deixar registrado aqui no seu espaço, que adorei seu retorno a blogosfera! ;)
beijinhos*
See you soon!

Fernando Pessoa

"Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."